Hoje quero falar-te de um medo que quase ninguém admite, mas que consome muitos líderes por dentro. O medo de falhar.
Este é, provavelmente, o maior medo de quem lidera uma equipa ou gere um negócio. Não é apenas o receio de perder dinheiro ou de tomar decisões erradas. É o medo de ser julgado, de parecer incompetente, de desiludir quem confia em nós.
Eu sei disto porque também já o senti. Aliás, de vez em quando, ele ainda aparece para me assombrar. E percebi que, muitas vezes, este medo surge exatamente quando estamos prestes a tentar algo novo, a inovar ou a dar um passo maior.
A verdade sobre o erro e o crescimento
Mas a verdade é esta: sem errarmos, não há crescimento.
“Sem vulnerabilidade não há criatividade. Sem tolerância às quedas, não há inovação.” — Brené Brown
Lembras-te de quando eras criança? Aprendeste a andar a cair. Aprendeste a comer a sujar tudo à tua volta. E estava tudo bem. Ninguém te criticou por isso. Mas, com o tempo, fomos ensinados a ter medo do erro. Na escola, errar significava notas baixas. No trabalho, significava julgamento. Fomos condicionados a evitar falhar a todo o custo.
O problema é que este medo de errar mata a criatividade e sufoca a inovação. Se temos medo de cair, nunca damos o salto. Se evitamos arriscar, não crescemos.
Porque é que é tão difícil lidar com o fracasso?
O nosso cérebro foi programado para evitar a dor e a rejeição. Para ele, falhar significa ser excluído, criticado, ficar vulnerável. É por isso que o coração acelera quando recebes aquele email com um feedback negativo, ou quando vês que a tua ideia não teve o impacto que esperavas.
O problema é que, ao tentar evitar a dor, evitamos também o crescimento. Jogamos pelo seguro, tomamos decisões conservadoras e deixamos de inovar. Ou seja, o medo de falhar leva-nos a estagnar.
A realidade em números
A verdade é que falhar é mais comum do que parece:
25% das empresas fecham no primeiro ano
70% não chegam aos 10 anos
Mesmo gigantes como a Amazon e a Apple tiveram falhanços monumentais
Se isto é tão normal, porque continuamos a sentir vergonha de falhar?
Como é que eu estou a aprender a lidar com o medo de falhar
Vou ser sincera: não tenho a fórmula mágica. Mas há algumas coisas que me ajudam sempre que o medo de falhar tenta tomar conta de mim:
Aceitar a vulnerabilidade
Eu costumava acreditar que um líder forte não podia mostrar fragilidades. Que tinha de ter sempre todas as respostas. Mas isso é uma ilusão. Hoje, percebo que assumir as minhas incertezas não me torna mais fraca — torna-me mais humana e mais próxima da minha equipa.Ver o falhanço como aprendizagem
Demorei a perceber que não existem erros, apenas lições. Cada vez que algo corre mal, pergunto-me: “O que é que posso aprender com isto?” Quando mudas a perspetiva, a falha deixa de ser um monstro e passa a ser um professor.Partilhar as falhas
Este é, provavelmente, o passo mais difícil. Abrir o jogo, admitir que falhei, seja com a equipa, com mentores ou com outras empreendedoras. Mas, sempre que o faço, percebo que não estou sozinha. E, muitas vezes, recebo conselhos valiosos de quem já passou pelo mesmo.
Exercício prático: Reescreve a tua falha
Esta semana, convido-te a fazer um exercício que mudou a forma como lido com os erros:
Escolhe uma falha ou erro recente. Pode ser algo que ainda te incomoda ou que tenhas medo de admitir.
Escreve tudo sobre essa experiência. O que aconteceu? Como te sentiste? Que impacto teve?
Agora, reescreve essa história. Mas desta vez, faz isso do ponto de vista de uma aprendizagem. O que ganhaste com essa experiência? Que competências desenvolveste? O que podes fazer de diferente no futuro?
Partilha com alguém de confiança. Verás que essa partilha vai diminuir o peso da falha e permitir-te olhar para ele com mais compaixão.
A coragem de continuar
Tenho aprendido que o sucesso não é a ausência de falhas, mas a persistência apesar deles. E cada vez que falhas e te levantas de novo, ganhas mais força e resiliência.
Hoje, quero que saibas que não estás sozinha nesta luta. Se te sentires confortável, responde a este email e partilha comigo a tua história. Vamos aprender juntas a ter mais coragem de falhar… e a ter mais sucesso.
Até já,
Helena